sexta-feira, 1 de abril de 2011

Otite Média Aguda

OTITE MÉDIA AGUDA
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

A Otite Média Aguda (OMA) é o processo inflamatório agudo do revestimento epitelial respiratório da fenda do osso temporal (mastoide, orelha média e tuba auditiva).


Epidemiologia

Apresenta uma importante influência genética relacionada ao funcionamento inadequado da tuba auditiva. Até 1 ano de idade cerca de 10% das crianças terão 3 ou mais episódios de OMA e até os 3 anos de idade, 3 em cada 4 crianças terão apresentado pelo menos 1 episódio de OMA. O pico de maior frequência da OMA está entre 6 e 12 meses de vida.

Apesar de muito frequente, a história clínica é extremamente favorável, mas pode apresentar quadros mais graves em crianças menores de 2 anos, principalmente naquelas que estão em creches ou escolinhas.

A presença de otite média aguda bilateral merece atenção especial. Trata-se da principal causa de prescrição de antibióticos na infância.


Etiologia

Observa-se a presença bacteriana em cerca de 80% dos casos de OMA. As principais bactérias são o Streptococcus pneumoniae e o Haemophilus influenza. Ainda se observa a presença de Moraxella catarrhalis, Staphilococcus aureus, estreptococos e gram negativos.

Vírus são encontrados em quase 35% dos episódios e são representados pelo VSR, Influenza, Parainfluenza, Cocsakie e Enterovírus.


Diagnóstico

Evolução aguda e frequentemente muito favorável:
Geralmente precedida ou associada ao resfriado comum;

- Lactantes: irritabilidade, hiporexia ou anorexia, febre. Dificuldades de deglutição devido à exacerbação da otalgia. Manipulação frequente da orelha. Pode se associar a diarreia e vômitos. Otorreia pode estar presente.

- Pré-escolares: otalgia, irritabilidade, febre. Plenitude auricular, zumbido. Otorreia pode estar presente.


Manifestações clínicas frequentes


Febre; Irritabilidade ou prostração; Obstrução nasal e/ ou rinorreia.

Principal achado da otoscopia: abaulamento timpânico associado a hiperemia e presença de líquido na orelha média (pus ou efusão).


Critério diagnóstico I

Evolução aguda associada a alteração da otoscopia (abaulamento + hiperemia + pus ou efusão) ou presença de otorreia.


Critério diagnóstico II

Casos graves: otite bilateral ou em crianças menores de 2 anos, principalmente aquelas em berçários ou creches. Crianças com deformidades craniofaciais ou com doenças crônicas das vias aéreas ou do sistema imunológico frequentemente apresentam quadros mais graves.





Tratamento da otite média aguda

Analgésico e antitérmicos para todas as crianças com OMA. Nos casos bilaterais, aconselha-se o uso por 3 a 5 dias.


Antibiótico

Uso imediato do antibiótico

OMA bilateral

Crianças menores de 2 anos

Presença de Otorreia

Comprometimento significativo do estado geral

Presença de complicações

Crianças com doenças imunológicas ou respiratórias

Crianças com deformidades craniofaciais



Uso oportuno do antibiótico


Crianças maiores de 2 anos com febre e otalgia após 2 ou 3 dias de tratamento sintomático.


Antibióticos de 1° escolha:

- Amoxicilina;

- Azitromicina;

- Eritromicina.


Antibióticos de 2° escolha:
Presença de complicações ou na ausência de resposta em 48 – 72 horas.

- Amoxicilina – dose dobrada;

- Amoxicilina com clavulanato;

- Ampicilina com sulbactam;

- Acetil cefuroxima;

- Claritromicina.


Na presença de otorreia:
Curativos otológicos e gotas otológicas (7 a 10 dias).


Situações especiais

Crianças com intolerância gastrointestinal ou que não aceitam antibiótico por via oral ou em casos de OMA refratária aos antibióticos de 2° escolha: ceftriaxona (5 a 7 dias ou até o restabelecimento da via oral).

Crianças menores de 2 anos em creches ou berçários apresentam possibilidade aumentada de pneumococo com resistência intermediária a penicilina: amoxicilina – dose dobrada.

Crianças maiores de 2 anos com OMA unilateral e febre < 38° C: analgésico e conduta expectante, com retorno assegurado ao médico se há piora ou persistência de dor após 2 dias.

Crianças especiais: aquelas com diferença facial (fissura palatina, malformações dos 1° e 2° arcos branquiais), síndrome, retardo mental ou imunodeficiência merecem acompanhamento de especialista.


Identificação precoce de complicações:
Na presença de complicações, aconselha-se a participação do especialista.

Complicação intratemporal:
Hiperemia e/ou edema na mastoide; Presença de paralisia facial; Labirintite.

Complicação intracraniana:
Alterações do sistema nervoso central.

Monitoramento da saúde otológica:
Aconselha-se a realização da otoscopia, para avaliar a evolução do processo de cura da OMA. A presença de efusão na orelha média pode ser observada por até 60 ou 90 dias após o quadro agudo.

                             

Um comentário: